Glossário de Conceitos
Agência
Segundo Wei (2011b; apud GARCIA; WEI, 2014, p.156), engajamento nas práticas linguísticas e rompimento com tradições, como a monolíngue, participando efetivamente, não somente mimetizando, sendo um processo dinâmico e interativo de construção de sentido.
Para Mary Louise Pratt (1991 apud GARCIA;WEI, 2014), é engajar e romper com o sistema ao mesmo tempo, ou seja, ao invés de só reproduzir uma mesma voz, deve haver rupturas também.
Bilanguaging
Processo de confronto de práticas linguísticas numa fronteira de dois países com duas línguas diferentes (MIGNOLO apud GARCIA; WEI, 2014, p. 97).
Bilinguismo
Segundo Garcia e Wei (2014, p. 45), saber e usar duas línguas autônomas.
Bilinguismo Dinâmico
Segundo Garcia (2009; apud GARCIA; WEI, 2014, p.50), exprime que as práticas linguísticas de bilíngues são interconectados e compõe um sistema linguístico único.
Codemeshing
Segundo Canagarajah (2007; apud GARCIA; WEI, 2014, p. 95), um dispositivo comunicativo usado por razões retóricas e ideológicas com qual um falante multilingue combina intencionalmente os discursos locais e acadêmicos como uma forma de resistência, reapropriação e/ou transformação do discurso acadêmico.
Diferente de codeswitching, pois concebe um único sistema integrado de línguas ou linguagens, e do translanguaging, pois é vista como uma forma de resistência, enquanto translanguaging se posiciona como uma norma da realidade.
Garcia e Wei (2014), em contraposição, rejeitam o termo como forma de resistência, uma vez que, em sua visão, a translinguagem por si só já é uma forma de resistência.
Codemixing
Segundo Canagarajah (2012), uma forma pejorativa quando um falante não é muito competente em duas ou mais línguas e usa de alternância de códigos.
Code-switching
Uma alternância de línguas ou linguagens onde estes são vistas como sistemas autônomas, sem conexões (GARCIA; WEI, 2014).
Criatividade e Criticidade
Segundo Li Wei (2011a; 2011b apud GARCIA; WEI, 2014) criatividade é seguir ou manter normas do uso da linguagem e criticidade é usar as evidências para questionar, problematizar ou expressar pontos de vista.
Crossing
Segundo Ben Rampton (1995; apud GARCIA; WEI, 2014, p. 90), o uso de práticas linguísticas por parte de pessoas que não pertencem ao grupo dominante pelo propósito de representação identitária temporária e para resistir a autoridade de seus professores. Tem conotação de identificar línguas como autônomas e sem conexão.
Espaço Translíngue
De acordo com Li Wei (2011b; apud GARCIA; WEI, 2014), é o espaço onde a interação entre indivíduos multilíngues rompe com dicotomias artificiais entre o macro e o micro. Para Garcia e Wei (2004; apud GARCIA; WEI, 2014), cria-se um espaço para indivíduos multilíngues e as diversas dimensões de suas histórias pessoais, sem privilégios de gênero, raça, classe social, etc. O espaço translíngue apresenta por si só um poder transformador.
Heteroglossia
O conceito Bakhtiniano serve como um conceito “guarda-chuva” para todos os conceitos que descrevem a fluidez das práticas linguísticas, incluindo translinguagem (GARCIA; WEI, 2014, p. 89).
Heterotopia
Segundo Foucault (1986; apud GARCIA; WEI, 2014, p. 41), característica de um espaço onde a mistura de culturas num local não possibilita a distinção de culturas.
Languaging
O processo de usar uma língua para conseguir conhecimento, criar sentidos, articular ideias e comunicar (WEI 2011b apud GARCIA; WEI, 2014, p. 44). Usado para enfatizar a atuação individual de falantes no processo interativo de criar sentidos (GARCIA; WEI, 2014, p. 42).
Metrolinguismo
Práticas linguísticas fluidas em contextos urbanos (GARCIA; WEI, 2014).
Monolíngue
Aquele que sabe somente uma língua. Na educação: o uso da língua dominante na sociedade ou da escola no ensino (GARCIA; WEI, 2014, p. 117).
Multicompetência
Segundo Cook (2012; apud GARCIA; WEI, 2014, p. 44), a junção de língua e linguagem com a cognição, sendo não fixo aos aspectos linguísticos da mente, mas também aos processos e conceitos cognitivos.
Multilíngue
Aquele que sabe e utiliza mais de duas línguas. The Council of Europe têm proposto que o termo seja utilizado somente para designar grupos sociais e não indivíduos (GARCIA; WEI, 2014, p. 46).
Multimodalidade
Na comunicação: uma mistura de signos, podendo ser gestuais, orais, artísticos, linguísticos, digitais, eletrônicos e gráficos (GARCIA; WEI, 2014, p. 43).
Multivocalidade
Referencia a multiplicidade de significados em enunciados multilíngues (HIGGINS apud GARCIA ; WEI, 2014, p. 94).
Pensamentos de Fronteira (Border Thinking)
Segundo Mignolo (apud GARCIA; WEI, 2014, p. 100), o entendimento que surge a partir de experiências e pensando entre e além de línguas e modos e suas relações históricas.
Plurilingue
Aquele que sabe e utiliza mais de duas línguas. The Council of Europe tem proposto que o termo seja utilizado somente para designar a capacidade individual de utilizar línguas diferentes em graus diferentes e para diversos fins (GARCIA; WEI, 2014, p. 46).
Polilinguismo/Polilingualismo
Segundo Jørgensen (2008 apud GARCIA; WEI, 2014) and Møller (2008 apud GARCIA; WEI, 2014), a combinação de características que não são discretas ou completas em línguas, mas são limitadas por mudanças. Aqui, línguas aparecem uma ao lado da outra, como complementações, diferente de multilinguismo, onde línguas aparecem como combinações que são completamente separadas.
Práticas Transidiomáticas
Segundo Jacquemet (2005; apud GARCIA e WEI; 2014; p. 91), práticas comunicativas de grupos transnacionais que interagem utilizando diferentes línguas e códigos comunicativos, simultaneamente em diferentes canais comunicativos, either próximo ou distante.
Repertório Linguístico
Segundo Garcia e Wei (2014), é o conjunto individual do falante sobre uma língua e suas respectivas vozes.
Práticas Translíngues
Segundo Canagarajah (2013; apud GARCIA; WEI, 2014, p. 95), um conceito para abarcar todos os termos dinâmicos acerca das práticas linguísticas em encontros multilíngues.
Resemiotização
Segundo Scollon e Scollon (2004; apud GARCIA; WEI, 2014, p. 78), o fenômeno que define que certas ações transformam um ciclo todo de ações enquanto cada ação é transformada. Ações são redefinidas, de um modo semiótico para outro, com novos significados surgindo a cada momento. Forma mais completa de olhar para a língua e para o sujeito como um todo.
Teoria dos Sistemas Dinâmicos
Segundo Herdina e Jessner (2002; apud GARCIA; WEI, 2014, p. 55), descreve a interação entre o ecossistema interno de cognição e o ecossistema externo social, ou seja, o processo de criar sentidos se dá através da interação entre humanos e seus ambientes.
Zona de Contato (“Contact Zones”)
Segundo a Mary Louise Pratt (1991; apud GARCIA; WEI, 2014, p. 41), um local, real ou virtual, onde uma comunidade linguística interage com outra; Um espaço que têm diferentes línguas e culturas.